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A REAL Companhia Velha junta aos pergaminhos da sua ilustre história uma visão de modernidade e acompanhamento dos novos tempos e tecnologias. É já conhecida a sua linha de vinhos 'Séries', uma área aberta à inovação e experimentação na procura de novos vinhos, partindo em busca de diferentes técnicas, abordagens, estilos e castas.
O mais recente passo está aqui bem presente com este Real Companhia Velha Séries Moscatel Ottonel Branco 2014, feito com uvas de uma variedade de Moscatel que é pouco utilizada em Portugal e que tem o seu campo de eleição na Áustria e na região francesa da Alsácia.
A Real Companhia Velha plantou, em 2003, na Quinta do Casal da Granja (Alijó), 2 ha desta variedade. Situada num planalto a 600 metros de altitude, esta propriedade assume-se como um Douro atípico, com solos mais férteis, clima muito fresco e grande humidade relativa, um 'terroir' de eleição para este Moscatel Ottonel exibir todo o seu carácter aromático.
Mais elegante do que o conhecido Moscatel Galego, o Ottonel é uma casta claramente aromática, com grande componente floral e muita acidez. As notas de líchia fazem-nos lembrar, por exemplo, a Gewurztraminer, e o seu paladar encantou-nos.
Este é um vinho muito gastronómico e tem um excelente potencial de guarda. Fizeram-se apenas 1204 garrafas deste branco fermentado em cubas de inox, estagiando aí até ao engarrafamento e onde repousou durante mais seis meses. No mercado, o seu preço está fixado em 15 euros.
DEPOIS de ter falado no projecto bairradino de João Póvoa, ao qual atribuiu o nome Kompassus, e da sua paixão pelo estudo da casta Baga, acabei por publicar um Kompassus Alvarinho Reserva 2014 decidido, desde logo, a testemunhar a grande qualidade deste vinho. Mas agora, para que a justiça seja feita, há que compor o cenário e dar aqui lugar à casta Baga, que cada vez ganha mais força na Bairrada, mas é também comum no Dão e Tejo.
Atenção que não é uma casta fácil, com os vinhos a apresentarem níveis elevados de taninos e acidez, sobretudo nos tempos mais recuados em que não se fazia o desengaço, mas com provas dadas em bons envelhecimentos.
O primeiro vinho é um Kompassus Private Collection de 2011 e feito apenas com a casta Baga. As uvas são de uma vinha velha e o vinho, feito em inox, estagiou depois em barrica de 400 litros, muito ao estilo do enólogo Anselmo Mendes. Os taninos são finos, muito equilibrados e o estágio em madeira doma a casta, mas está bem harmonizado, sem excessos. Este, pode dizer-se, é um típico vinho bairradino. Quanto ao Private Collection 2013, que ainda não está no mercado mas já o provámos, está ainda mais equilibrado e mais fresco. É um vinho que explode na boca e dentro de um ano (altura em que virá a público) estará divinal.
Mas falar na Bairrada e não ir buscar um espumante era uma enorme falha. Por isso, deixo aqui também o Kompassus Blanc de Noirs 2011, feito com Touriga Nacional, Pinot Noir e, claro, Baga. Apresenta enorme estrutura, grande acidez, volume na boca e, garanto-vos, com tudo isto é um espumante muito gastronómico.
Enfim, uma prova muito positiva e que mostrou vinhos com grande qualidade.
VAMOS hoje de viagem até à Bairrada e a um novo projecto que dá pelo nome de Kompassus, nome inspirado no compasso das videiras. O produtor é João Póvoa, um médico oftalmologista em Coimbra, neto de outro produtor, que foi quem lhe passou a paixão pelo estudo dos solos e castas da Bairrada, com destaque, claro está, para a Baga.
Este projecto vem na sequência da venda, em 2007, da sua Quinta de Baixo, virando-se então para o seu 'terroir' de eleição situado no eixo Cordinhã/Ourentã. É aqui que produz vinhos tintos, brancos e espumantes, em solos argilo-calcários, mas o que hoje aqui quero destacar não é a casta Baga mas sim o seu Alvarinho Reserva 2014.
Anselmo Mendes é agora o enólogo que trabalha com João Póvoa, e para este minhoto de nascença, o seu historial a fazer vinhos por todo o país (região dos Vinhos Verdes, Douro, Lisboa, Alentejo e Açores) ficou agora completo com este convite para a Bairrada. Esta região, de facto, aproxima-se do seu ideal: vinhos que demonstram elevados níveis de acidez e de taninos e com grande capacidade de envelhecimento. Mas Anselmo teve outra importante motivação: «Para mim, é mais um desafio. Sempre quis experimentar fazer um Alvarinho em solos calcários».
Para quem a casta Alvarinho é a sua 'alma gémea', Anselmo meteu mãos à obra e recorreu também a uma outra sua imagem de marca: a fermentação das uvas Alvarinho em barricas de madeira, neste caso em pipas de 400 litros já usadas.
Chegou-nos então à boca um vinho a revelar ataque imediato, acidez bem presente e com um carácter salino que lhe é dado precisamente pelo solo calcário. Uma experiência bem resolvida por Anselmo Mendes, que assim nos traz um Alvarinho Reserva 2014 de grande qualidade e que está nas prateleiras (atenção que só foram produzidas 700 garrafas) ao preço de 15 euros.